Sabe-se da ocupação  humana na região onde hoje se localiza a Eslovênia  desde    60.000[1] anos antes de Cristo, e dos ancestrais dos atuais eslovenos desde o século VI[2], mas as referências históricas consensuais citam o início  da  existência Eslovena no território  a  1200 anos atrás[3]. Durante todo esse período o   povo esloveno viveu sem um estado próprio, sob dominação de outras etnias: Romanos, Lombardos, Austríacos (Habsburgos) e italianos em algumas áreas.

Mas a ideia de ter um país nunca lhes escapou, o que finalmente foi conseguido no referendum de 23 de dezembro de 1990, no qual, a opção de separar-se  da Iugoslávia foi vencedora com 88% dos votos. Foi marcado então, para o dia 25 de junho de 1991 a independência de fato. No lapso de tempo entre dezembro e junho muito trabalho diplomático, ainda que oriundo de pessoas de um país não legalmente existente, foi feito no sentido de conseguir apoio internacional e reconhecimento do novo país que surgiria. Os eslovenos no exterior foram contatados, e a medida do possível, e do  grau de influência de cada um de seus cidadãos isso foi feito. No Brasil não foi diferente, tanto que em 03 de maio  de 1991, em um encontro  na residência do Sr Janez Hlebanja, em São Paulo, foi criada a União dos Eslovenos do Brasil. De acordo com a  minuta de reunião redigida naquela data, estavam presentes: Sr Janez Hlebanja, Vladimir Ovca, Štefan Bogdan Šalej, Franziska Brunček, Frederico Helbanja, Ivan Cimermam (jornalista de Ljubljana) e Carlos Gallizia. Na mesma ocasião,  decidiram por unanimidade escrever a finalidade da União e suas primeiras providências, a qual até hoje permanece: “ A associação dos eslovenos no Brasil tem como objetivo a defesa e a preservação da língua, da cultura eslovena e   do património cultural esloveno e tradições”.

O pedido oficial de registro da União dos Eslovenos do Brasil, encaminhado ao 3º Cartório do Registo Civil das Pessoas Jurídicas, assinado pelo Sr Vladimir Ovca, foi feito em 25 de novembro de 1991, marcando portanto,  a data legal da fundação da União dos Eslovenos do Brasil.

Foi eleito pelo grupo  como primeiro presidente o  Sr Vladimir Ovca, e também seu sucessor  para depois de um ano de mandato, o  Sr Janez Hlebanja. Depois a União dos Eslovenos foi presidida pelo Sr Peter Slavec,  e em seguida,  pelo Sr Martin Crnugelj que tem sido reconduzido ao cargo até a data atual.

A gestão do Sr Črnugelj é marcada por um novo posicionamento legal da União, bem como, por grande contribuição para um tema vital para o povo esloveno, sua cultura. Testemunham tal afirmação a produção de dois livros sobre os eslovenos no Brasil, a aquisição dos direitos de impressão e venda de dois grandes dicionários: Brasileiro- Esloveno e Esloveno- Brasileiro, bem como, a ampliação dos horizontes de atuação da UEB por meio de recursos digitais, extremamente importante quando se atua em um país de dimensões continentais, possibilitando alcançar eslovenos e descendentes em qualquer lugar do território, notadamente no caso do ensino da língua eslovena a distância.

Trata-se de  uma entidade associativa reconhecida e regularizada como de personalidade jurídica de acordo com a legislação brasileira,  a quem presta contas anualmente. Possui presidência e diretoria eleita de modo democrático e participativo, por meio do voto aberto de seus associados durante as assembleias gerais. As decisões são  sempre de caráter colegiado, as estratégicas  de maior impacto tanto financeiro como de processo e/ou de  resultados são todas discutidas e aprovadas também em  assembleia geral anual,  quando também se elege toda a diretoria.

A filiação à União dos Eslovenos é aberta a todos os eslovenos e descentes, bem como aos simpatizantes da cultura e  pode ser feito por meio do preenchimento de  uma proposta on line.

O financiamento das atividades da UEB é  feita tanto por meio de doações semestrais voluntárias, como por dotação orçamentária anual fornecida pelo Governo da Eslovênia para custear  projetos de interesses específicos.

O exercício da filiação à União dos Eslovenos, se dá, de modo presencial, por meio de encontros em datas festivas, normalmente realizados na cidade de São Paulo, previstas em um calendário anual, de modo remoto (on-line) através de nossas programações virtuais. Há ainda, a possiblidade do associado manter-se integrado à comunidade eslovena, mesmo vivendo em diferentes localidades, por meio do uso do portal da União e de suas plataformas digitais. Um dos grandes exemplos disso, são as aulas de Língua Eslovena à distância, subsidiadas pela União dos Eslovenos, ministradas por professores vivendo no Brasil e no exterior, das quais, semestralmente, dezenas de alunos participam.

[1] STEWART, Jacqueline Widmar. Finding Slovenia. Ljubljana: Mladiska Knjiga, 2011, p.35.

[2] GRANDA, Stane. Slovenia- an historical overview. Ljubljana: Government Communication Office, 2008, p.40.

[3] LUTAR, Otho (org.), GRDINA, Igor et all. A terra e seu entorno. Brasilia: FUNAG, 2015, p.118.

Texto redigido por: Valdeir Vidrik, Dr., representante da comunidade eslovena no Brasil junto ao Conselho do Governo da República da Eslovênia para os Eslovenos no mundo.